Vacina para reduzir colesterol testada em humanos

Se os ensaios clínicos em seres humanos forem bem-sucedidos, daqui a alguns anos, as pessoas com elevados níveis de colesterol podem vir a substituir a toma diária de medicamentos por uma vacina. Depois do sucesso obtido na investigação em ratos, os cientistas da Universidade Médica de Viena estão agora a testar uma vacina que reduz o colesterol e ajuda a prevenir ataques cardíacos em humanos.

De acordo com o estudo, publicado no European Heart Journal, a vacina - conhecida como AT04A - leva o corpo a produzir anticorpos contra a enzima PCSK9, aquela que permite que o chamado mau colesterol (LDL) se acumule no sangue, aumentando o risco de aparecimento de doenças cardiovasculares.

Segundo o The Guardian, a vacinação dos ratos que foram alimentados com uma dieta rica em gordura e nada saudável permitiu uma redução de 53% do colesterol. Já os danos nos vasos sanguíneos caíram 64% e a inflamação dos mesmos desceu até 28%, quando comparados com os ratos não vacinados. Estes resultados abrem agora novos caminhos no desenvolvimento de uma vacina anual para pacientes em risco.

Gunther Staffler, investigador do centro que desenvolveu a vacina, explicou que "os níveis de colesterol foram reduzidos de uma forma consistente e duradoura, o que levou a uma redução dos depósitos de gordura nas artérias e dos danos ateroscleróticos, bem como na redução da inflamação da parede arterial". Desta forma, prosseguiu, se os mesmos resultados forem obtidos em seres humanos, pode ser desenvolvida um "terapia de longa duração", que, após a primeira vacinação, só precisa de um reforço anual. Isto levaria a um tratamento eficaz e mais cómodo dos doentes.

Ao contrário do que acontece com as vacinas mais comuns, que visam bactérias e vírus, este é um tratamento de imunoterapia, já que o sistema imunológico é estimulado para atacar uma proteína do corpo. De acordo com o diário britânico, foi feito um ensaio clínico de fase 1 para testar a segurança e a atividade da vacina em 72 indivíduos saudáveis, que deverá terminar no final deste ano. No entanto, para que a vacina possa vir a ser usada em humanos, serão necessários ensaios de grande escala que comprovem a sua eficácia e segurança a longo prazo.

De acordo com o primeiro Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico, apresentado no mês passado com dados de 2015, 52,3% dos portugueses tinham colesterol alto, valor que aumentava para 63,3% ao incluir a população que referiu tomar medicamentos para controlar esta condição.

21-06-2017