Farmacêuticos hospitalares europeus preocupados com impacto ambiental de fármacos

A Associação Europeia dos Farmacêuticos Hospitalares (EAHP) está preocupada com os efeitos negativos que os produtos farmacêuticos no ambiente têm na agricultura, aquacultura, gado e, em última análise, nos seres humanos.

Em comunicado, a EAHP congratula a União Europeia pela adoção de uma nova estratégia para os produtos farmacêuticos no ambiente, divulgada há um mês.

A Associação afirma que os padrões para evitar a contaminação ambiental não são cumpridos em todos os locais de produção, especialmente aqueles situados para além das fronteiras da Europa. "É preciso ter responsabilidade para garantir que os medicamentos e seus componentes distribuídos e utilizados na União Europeia (UE) sejam produzidos sem poluição ambiental evitável", refere o comunicado. A EAHP acredita que os apoios para a adoção de medidas mais ecológicas e avaliação dos riscos ambientais são um "bom passo na direção certa" e "devem ser prosseguidas de forma oportuna e transparente pela Comissão Europeia (CE)".

"Alguns fármacos não são metabolizadas e degradados em substâncias inativas pelos seres humanos ou animais tratados com esses medicamentos. Por exemplo, alguns antimicrobianos (...) podem ser parcialmente excretados inalterados e permanecer farmacologicamente ativos", esclarece a associação, referindo ainda que estes "podem induzir e desencadear resistência antimicrobiana em seres humanos e/ou animais, impedindo assim os investimentos nacionais, europeus e globais no desenvolvimento no campo da resistência antimicrobiana".

No comunicado, a EAHP demonstrou o seu apoio à abordagem multi-stakeholder da Comissão Europeia que atenta, por um lado, ao design e a produção de produtos farmacêuticos e, por outro lado, à partilha de melhores práticas entre profissionais de saúde. A associação acredita que a concentração de produtos farmacêuticos no meio ambiente pode ser diminuída apenas por meio de uma cooperação significativa e constante de todos os atores relevantes.

No entanto, a Associação Europeia dos Farmacêuticos Hospitalares afirma que a abordagem da CE carece do reconhecimento dos malefícios para a segurança dos utentes gerados pela acumulação de produtos farmacêuticos no ambiente. Para tal, associação propõe a adoção de medidas que encoragem e capacitem os profissionais de saúde de primeira linha, como os farmacêuticos hospitalares, médicos e farmacêuticos comunitários, para educarem outros profissionais de saúde e utentes sobre o impacto dos produtos farmacêuticos no ambiente, como os antimicrobianos, hormonas, fármacos citotóxicos e anti-inflamatórios não esteróides. Consequentemente, a EAHP solicita à CE e aos governos nacionais que assegurem a formação contínua dos profissionais de saúde, tanto ao nível da pré-graduação como da pós-graduação, nas melhores práticas em relação à prevenção da contaminação farmacêutica.

26-04-2019